domingo, abril 03, 2022

Um post por ano? Está bom!

Só para confirmar que estou Alive and "gigging"!
Procurem por Tributo ao Cinema e lá estaremos...
Até já!

segunda-feira, abril 19, 2021

The Funeral Blues - The Origin story: Part I


Quando vi o filme "Quatro Casamentos e um Funeral" numa das Salas de cinema Alfa, estava longe de entender a profundidade do poema declamado pelo John Hannah. Nesta fase da vida era uma miúda de quinze ou dezasseis anos com muito poucas preocupações e tempo livre a mais, pelo que tinha a cabeça ocupada com outro tipo de coisas. O que me fez ir ao cinema foi (pasme-se) a banda sonora. Isso mesmo, uma banda sonora encabeçada pela Pop orelhuda dos Wet Wet Wet, mas com muito mais para oferecer, desde Elton John a Gloria Gaynor e Barry White. Quem me conhece bem sabe que tenho uma colecção de discos de vinil de Bandas Sonoras desde a minha infância, porque comecei por pedir colectâneas de maneira a ter música mais variada e acabei por gastar todos os meus cheques-disco em Bandas Sonoras. Começando pelo Absolute Beginners do David Bowie e passando pelo Ghostbusters, Indiana Jones and the Last Crusade, entre muitos outros. Acredito que o meu gosto pessoal fosse irritante para os miúdos mais velhos do meu prédio, afinal eles já estavam na fase dos Xutos e dos the Cure e eu ainda a vibrar com os Queijinhos Frescos. 

Aos dezasseis anos comecei a cantar no coro da igreja, pois diziam que tinha boa voz, mas eu não percebia nada do assunto e levava tudo para a brincadeira. Era conhecida pelas minhas palhaçadas, disfarces e partidas entre os meus amigos, por isso não seria muito surpreendente que o meu primeiro casting surgisse de um convite para acompanhar uma colega de escola.
Fomos as duas participar do casting do Selecção Nacional por mera curiosidade. Não havia filas, o processo era bastante rápido, pelo que percebi.
E lá estava eu com a mania que tinha piada à frente do Zé da Ponte. "Então, o que trazes para cantar?" E eu respondi a rir "Pode ser a Casa Portuguesa?"...
E pronto, cantei com a mão na anca, armada em fadista de taberna e nem sabia a letra toda de cor, mas cantei o suficiente para arrancar uns sorrisos.
"Não sabes cantar, mas tens boa voz" - Ok, na boa! Não saí dali em lágrimas como se vê nos castings televisionados. Também não pensei mais no assunto, confesso.

Meses mais tarde a minha mãe recebe um telefonema da produção do Selecção de Esperanças e voltei a ouvir a célebre frase "Não sabes cantar, mas...". Desta vez foi o meu gosto musical que chamou à atenção. Perguntaram-me o que queria cantar e eu respondi logo que queria Heróis do Mar, o Fado. "Epa, essa não. Já temos uma dos Heróis." Então falei no António Variações. "Epa, já temos o Estou Além". Finalmente lembrei-me do Joana Rosa do Vitorino. E lá fui eu para o Porto.

Verdade seja dita...era de longe a pessoa que menos se importava com aquilo tudo e até o júri apontou isso durante o veredicto "És uma porreira!".
Concorri com gente linda nesse mesmo programa: a Patrícia (Karaoke do Café da Ponte), a Susana (Zana) e o Carlos (que depois viria a ser dos Excesso). Lembro-me de ter ido a uma discoteca com alguns dos concorrentes e o Mário Sereno na véspera da gravação do programa. Rebeldia vocal ao mais alto nível! 

Entretanto fiquei com o bichinho da televisão. Meti na cabeça que queria ser argumentista e passava horas a escrever à máquina (é verdade, não tinha computador). Foi então que decidi participar em programas como figurante, assim estaria mais perto da produção e veria como funcionava a máquina.
Durante um dos programas, um dos produtores questionou-me e às minhas amigas se estaríamos interessadas em participar num tal de Big Show SIC, onde havia um concurso de talentos com uma participação falsa (literalmente pediram-nos para dar barraca, cantar desafinado). 

Ok, isso parecia-me um desafio espectacular! Eu e uma grande amiga fomos "cantar" mascaradas  um tema das Shampoo, mas a ideia era berrar e ser foleiro ao máximo para depois ter alguém do júri a bater num "gongo". Porém, não houve gongo para ninguém, cantámos até ao fim e fomos elogiadas pelo júri e tudo. Mesmo com uma peruca loira, óculos de sol e T-shirt do Bart Simpson fomos levadas a sério.
Yep. Ladies & Gentleman, this is my origin story! 

A partir daqui nunca mais deixei de cantar.

Havia demasiada gente a dar-me alento e a puxar-me para a Música, ouvi muitos "És do Fado" e "És do Soul", "És do Rock", mas nunca soube muito bem onde encaixaria a minha voz, porque nunca tive a audácia de pensar que teria voz suficiente para me quererem ouvir cantar. 
E muito menos qual seria o meu registo, porque eu só sabia imitar e o meus gostos variavam entre Clássicos da Broadway, standards de Jazz, Rock "azeite" e pouco mais. Claro que duas das minhas maiores influências são o David Bowie e o Freddie Mercury, mas também era obcecada pelo Prince e pelo Terence Trent D'Arby. Em português ouvia muito a Adelaide, a Lena, o António, os Táxi e os Heróis do Mar. No meio disto tudo, a miúda de dezasseis anos sabia lá do que gostava de cantar. Cantava tudo o que me pedissem, tipo Jukebox. Por isso me tornei na vocalista ideal para tapar buracos...mas isto é para outro post, que este já está a ficar fora do contexto.

Continuemos...

 Na passada Sexta-feira, dia 16 de Abril, comemorou-se o dia Mundial da Voz e, como costume, as redes sociais inundaram-se de celebrações, iniciativas, vídeos e derivados. 
Eu era uma dessas pessoas que aproveitava o dia da Voz para me lembrar que a tenho, que tenho de a cuidar, que tenho de a usar...
Mas este ano não o fiz, porque senti um pesar enorme no meu peito. Um amigo perdeu alguém muito especial no dia anterior e senti necessidade de ficar em silêncio e de pensar na perda, na tristeza, no luto que não me permiti fazer...
Parei o relógio, o telefone...e lembrei-me do filme que me levou a cantar, pois foi nesse ano que nasceu alguém que não se deixou calar. 
E agora silêncio.


quarta-feira, abril 14, 2021

A bela arte da procrastinação

António Variações - É p'ra amanhã

"Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje"


Prometi a mim mesma que faria o esforço de manter este blog vivo, nem que seja para perpetuar os meus pensamentos para mais tarde recordar ou até para o meu filho conhecer esta minha faceta.

Mas quantas promessas fazemos nós, sabendo que nunca as cumpriremos? Quantos "Depois ligo!", "Um dia vamos beber um café!", "Fica para a próxima!" somos capazes de dizer sem sequer pensar muito no assunto? É quase como responder ao "Como estás?" com um "Estou bem...", mesmo com as vísceras de fora. 

Assim como a obstinação não define o vitorioso, a procrastinação não define o preguiçoso.

Podes até ser dedicado e trabalhador e não ser bem sucedido no que fazes, porque o sucesso é fruto de um conjunto de circunstâncias (talento, preparação, esforço, timing e predisposição). Confunde-se muitas vezes com sorte, porque de facto nunca se sabe quando perdemos uma oportunidade até a perdermos de vez. 

E agora perguntam vocês "O que isto tem a ver com música?". Não foi à toa que começou com o António Variações, queria mesmo partilhar convosco que perdi muito enquanto artista, cantora, etc. por não estar preparada para agarrar as oportunidades que me foram aparecendo. 

Fosse por ser muito jovem e meio perdida, fosse por estar apaixonada e "cega", fosse por ter aceite um emprego a tempo inteiro, fosse por me ter tornado mãe, etc.

"Quem não aparece, esquece"

A minha mãe é o maior animal social que conheço. O meu pai também era, mas à sua maneira...Jogava à bola, fazia almoçaradas...mas a minha mãe...não havia um dia em que não estivesse ao telefone horas com mais do que duas amigas diferentes e às vezes até parecia que viam a telenovela em simultâneo, juro que escutei muitas vezes a minha mãe a rir e a falar de uma cena na televisão agarrada ao telefone. 

A minha mãe sempre foi a minha fonte de ditados e provérbios preferida, porque tinha sempre uma estória por trás, não sei se era de sua invenção, mas de facto era mais eficiente ilustrar um ditado com um exemplo. E claro, este "Quem não aparece, esquece" era um dos que ela mais proferia. 

Confesso que na altura não percebi muito bem o que ela queria dizer com aquilo, em miúda pensava mesmo que significava que devíamos esquecer quem não aparecesse. Mas afinal não é bem isso, porque com a idade entendi que era um dos seus grandes medos, o de ser esquecida. Daí estar sempre tão presente na vida das amigas, de dar notícias todos os dias!

Bom, seja qual for o verdadeiro significado da expressão, penso que tenha um pouco a ver com o tema de hoje, a procrastinação.

"Don't you forget about me 

Don't, don't, don't, don't  

Don't you forget about me"

No mundo artístico existe uma espécie de amnésia colectiva, ou seja, se uma pessoa não aparecer tantas vezes (seja na televisão, nos palcos ou na "plateia"), acaba mesmo por ficar esquecida. Curiosamente, sinto que na era das redes sociais e do consumo ultrassónico é ainda mais difícil aparecer, ainda para mais quando estamos a viver uma crise no entretenimento como a que estamos a viver no último ano.

Agora não há agendas preenchidas nem fotos de backstage, mas será que há falta de oportunidades?

Vou deixar a questão em aberto, mas com a promessa de voltar a este assunto mais tarde e com bons exemplos de quem não procrastinou durante a Pandemia.


quinta-feira, abril 08, 2021

Worst Blogger Ever - O recomeço?

Quando comecei a escrever neste Blog tinha uma mão à frente e outra atrás.


Literalmente. Mea culpa, claro. Quem me mandou tirar um curso por gosto (e do meu pai, ainda por cima)?

A vida dá muitas voltas e quando voltei ao ninho depois de um relacionamento falhado, o ninho estava em reconstrução, não havia sequer um ninho, um porto seguro, nada a que me pudesse agarrar. Para nem falar de objectos pessoais, esses estavam embalados numa arrecadação algures e sem acesso fácil.
Como recomeçar a vida de novo nestes moldes? 
Felizmente houve quem me emprestasse o seu poiso por três meses e durante esse tempo jurei que me reconstruiria/regenerava.

Tinha deixado os palcos por amor, achava eu. Mas a minha paixão pela música era bem mais forte do que a dor da perda de um mundo infinitamente diferente. Isto quase parecia uma letra do Rui Veloso, não?

O mundo da música chamava-me...e eu em chamas.

Comecei aos poucos a revisitar lugares e caras conhecidas, a aparecer no meio de um meio que tão bem conhecia, mas que deixei sem pensar muito no assunto. Esse é que é o verdadeiro problema, quando fazemos algo sem pensar muito é porque estamos numa situação "Entre a Espada e Parede", não é? 
Eu não pensei muito e escolhi a espada. Enterrei-a bem no meu ventre, de modo a morrer para a Música, o derradeiro gesto romântico que desesperadamente almejava na minha vida.

Mas agora, sem amor e sem música, pensei para os meus botões:

"Ah e tal, então o que é que há de novo?" 

Faltava-me a música e não podia passar a vida no carro a ouvir o único CD que tinha no porta-luvas...
Decidi então comprar um portátil e uma Câmara Sony das mais baratitas, tudo a crédito e sem juros na Vobis (agora Worten). 


A dita cuja. A primeira de...duas? 
Catano, o telemóvel destronou mesmo estas câmaras...

Pormenor: não tinha internet! Resolvi o problema, frequentando lugares com Wi-Fi gratuito para conseguir ver os posts do Fórum Música, onde conheci praticamente quase todos os músicos com quem trabalhei (e trabalho!).

Para terem uma ideia, os spots de Wi-Fi gratuitos em 2006 eram pouquitos. Havia um na esplanada do Pizza Hut do Centro Comercial dos Olivais, onde comia meia salada da casa por 3,5€ e ficava a navegar na net até a bateria do portátil acabar. Lembro-me de ter o brilho do monitor no nível mínimo para conseguir estar mais tempo online. 

E se acham que isto era maluquice minha, quando descobri que havia um Hot Spot no Casino de Lisboa, dei por mim a ir lá quase todas as noites e fui presenteada com grandes actuações e belos reencontros. 
A ideia de começar a escrever sobre "La vida loca" surgiu exactamente aí, no Casino. Mas teria de explorar novos palcos para conhecer novas bandas. Até porque não se podia fotografar no Casino...


Ai o Speakeasy...e o Almirante...e o Studio 4...
e tantos outros mais...

Comecei também a escrever num Myspace (dedicado a músicos) e rapidamente descobri as maravilhas das gravações caseiras (o velhinho sm58 ainda mexia e esse estava ainda na bagageira do meu carro, tal como o tripé). 

A vida era fácil, porque tinha toda a liberdade do mundo, não tinha horários para cumprir, mas ainda assim acordava cedo todos os dias e procurava emprego afincadamente. Ao mesmo tempo que investia numa carreira musical, fosse em que moldes fosse. Eu queria ser feliz! Quem nunca?

Mesmo cansada, lá ia eu ver bandas, chegava a ver duas ou três por dia...ninguém consegue fazer disto vida, pensava eu...


Acho que escolhi o negro de fundo já a pensar no luto do Blog.
Tão tristinho...tão Fado.

"Tens de arranjar um emprego!"

Curioso, foi precisamente em 2006 que concorri ao emprego que mantenho até hoje. Pensando bem, foi o que mais desejava na altura até ter outra situação "Entre a Espada e a Parede".

...e voltei a escolher a espada. Escolhi a carreira profissional. Embora tenha deixado a ferida aberta para saber o quanto preciso da música.

...e deixei o meu sangue, suor e lágrimas em cada palco que pisei...porque deixei de ser espectadora, embora convictamente addicted to live music.

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Heart of Rock - Passagem de Ano 2012-2013

Fruto do acaso e do desabafo de duas pessoas que amam a música ao vivo e que raramente podem assistir a espectáculos de outras bandas que não a sua, foi decidido 2 dias antes que seria o Live Act Lounge o local ideal para cumprimentar 2013.

Numa noite fria de chuva, depois de um longo dia de trabalho, nada como espairecer com os clássicos do Rock. O aquecimento foi feito ao som da 105.4, a rádio que deu o mote à saída neste dia especial.

E se queres Rock, Heart of Rock é todo um compêndio musical do Classic Rock, não te arrependerás!

Casa cheia com gente gira e muita "Gente Gira" (as famosas cenas de apanhados que fizeram parte da infância de todo o oitentista que se preze), a ansiedade de ver o número 2012 a transformar-se em 2013 começa a fazer-se sentir. A música ambiente no Live Act Lounge não nos deixa adivinhar o que vai acontecer em palco, passando pelas versões Bossa Nova de Guns N' Roses e U2 a "Koop Island Blues".


O espectáculo começou 30 minutos antes da meia-noite com um dos temas favoritos da minha cara-metade. O balanço de "Africa" dos Toto está no ponto, nem rápido, nem lento...e assim que escutamos os coros e as guitarradas do grande Sérgio, o som do baixo do Miguel Magic, a voz melodiosa do César e a cadência perfeita do Paulinho, sabemos que ninguém está ali para brincadeiras. 

Os fãs e familiares dos HoR estão presentes, o que tornou o acontecimento numa noite ainda mais especial, entre brindes, olhares cúmplices, promessas e sonhos...cada tema escolhido deu mote a coros em uníssono e muito movimento. Tivemos também a oportunidade de ouvir ilustres convidados, proporcionando um "The Wall" de Pink Floyd perfeito e um "What about Love" de Heart, brilhantemente interpretado por Anita Nobre.

Deixo-vos algumas imagens dessa noite, lamento não poder dar mais informações (what happens in Vegas stays in Vegas!), mas espero que não tenham ficado indiferentes aos Heart of Rock.

http://www.heartofrockband.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/HeartofRockBand

Mais uma vez, uma nota de agradecimento ao Live Act Lounge, por nos ter proporcionado uma noite especial, rodeados de amor pela música ao vivo, respeito pelos músicos...e muita animação!

https://www.facebook.com/liveactlounge